Tire suas dúvidas sobre Lubrificantes Automotivos:
As dúvidas sobre lubrificantes automotivos são bem comuns, normalmente
deixamos tudo na mão do mecânico e está resolvido. Mas você já parou
para pensar que pode não ser tão complicado? Você sabe a diferença entre
óleo mineral e sintético? O que faz a diferença na hora de escolher o
óleo? Listamos essas e outras das principais dúvidas sobre o assunto,
para Otávio Campos, Supervisor Técnico da Shell Lubrificantes responder
para você. Confira:
Vale a pena trocar o lubrificante durante sua vida útil?
Otávio Campos - De
maneira geral, não. A maior parte dos fabricantes já especificam
diferentes intervalos de troca em função da severidade das situações de
uso. Esses períodos são determinados após muitos estudos. Há exceção
quando, por exemplo, ocorre vazamento de óleo ou alguma outra
anormalidade no motor.
Qual o lubrificante ideal para motores muito rodados?
Veículos com muitos quilômetros rodados tendem a ter um desgaste muito
maior no motor, o que causa folgas (espaços entre os componentes). No
entanto, isso não está relacionado necessariamente à idade do veículo. O
histórico de manutenção faz toda a diferença. Mas claro, existem os
lubrificantes recomendados para veículos que apresentem ruídos, por
exemplo, que pode ser um sinal desse desgaste. Nesse caso o lubrificante
deve ser mais espesso, de maior viscosidade, pra que ele preencha essas
folgas.
Mineral, semisintético ou sintético: o que muda além da recomendação?
O que muda é a base do lubrificante. Apesar da base ser mineral para os
três, a diferença é que o mineral é obtido diretamente através do
refino do petróleo. O sintético passa por um processo industrial, e as
moléculas que compõe os óleos são mais uniformes, o que promove
benefícios como resistência à oxidação, melhor viscosidade, maior poder
de limpeza, muda a qualidade. O semi é a mistura dos dois. Todas essas
características fazem com que eles preservem mais o equipamento,
conferindo maior durabilidade. A recomendação é sempre seguir o manual
do carro, alguns restringem o uso do óleo sintético, mas se não houver
nenhuma restrição, o sintético tende a ser melhor opção.
Além da viscosidade, o que mais o proprietário deve prestar atenção?
A viscosidade é, definitivamente, a propriedade mais importante a ser
observada. Ela é definida pelo fabricante do veículo de acordo com o
acabamento do motor, são eles que conhecem o material usado, os níveis
de folga, etc. Outro ponto importante é o desempenho. Essa
característica é aferida pela tabela API, eles agrupam os óleos por
classificações, e atualmente tem como nível mais avançado o tipo SN. Com
a evolução de motores e lubrificantes, as exigências também aumentam, e
cada nível de qualidade que surge cobre o anterior.
Dá para levar a sério o método "digital" de verificação do
óleo, quando o frentista ou mecânico afere com os dedos se o
lubrificante ainda está bom?
Sabemos que acontece, mas não é seguro. Avaliamos o desempenho em
diversas esferas, e muitas propriedades devem ser consideradas, como
alcalinidade, durabilidade, viscosidade, entre outros. Equipamentos
específicos aferem a qualidade do produto. No dedo, por experiência, a
pessoa pode até perceber algumas características, mas isso não significa
que é confiável. A coloração também é um fator que as mecânicas
entendem como motivo para troca, mas o óleo fica escuro com o tempo, e é
apenas um sinal de que ele está fazendo seu trabalho de forma correta.
Se o motorista roda apenas na cidade, o prazo de troca tem que ser menor que o indicado?
A resposta é seguir o manual. As pessoas têm muitas dúvidas a respeito
do que pode ser considerado um regime severo ou não. Rodar na cidade é
abrangente, mas normalmente se associa ao “anda e para” no trânsito
intenso e trechos curtos. Ambas são condições severas. Na primeira o
veiculo também trabalha a uma temperatura muito elevada, o que força o
motor e o lubrificante. Na segunda, o carro não atinge uma temperatura
ideal de trabalho, o que também pode prejudicar o motor.
Há algum lubrificante específico para motores flex?
Sim. As classificações mais atuais já preveem a utilização dos óleos em
carros flex. Mas existem alguns que são desenhados especificamente para
esses veículos. São óleos que protegem o motor da água que se forma com
o uso do etanol. Essa água pode corroer o metal, portanto o
lubrificante deve se misturar a ela para proteger o motor.
E os carros antigos cujos motores foram projetados para óleos de outra era, eles tem óleo específico?
Os motores mais antigos não tinham acabamento tão bom como os atuais,
as folgas eram maiores, por exemplo. Ao longo dos anos, a viscosidade
dos lubrificantes foi diminuindo para atender a evolução dos motores, e
normalmente, motores mais antigos pedem tipos de óleo mais espesso. Fora
a viscosidade, do ponto de vista tecnológico, a especificação mais
moderna do produto atende todas as anteriores.
Os lubrificantes que ajudam a remover a borra são seguros? Será
que os resíduos soltos não podem fazer mal ao sistema de injeção?
Todo lubrificante tem poder de limpeza. No entanto, existem alguns
tipos, como Premium e sintéticos, que tem uma capacidade de limpeza bem
maior. Se o histórico de manutenção do carro é bom, teoricamente, a
limpeza constantemente que ele proporciona é positiva, porque a formação
de borra será menor. Caso a manutenção do carro não seja adequada, a
formação de borra vai ocorrer, e a limpeza que o lubrificante
proporciona pode fazer com quem alguma via do motor seja entupida. Se
comprar um carro usado, e suspeitar que a manutenção não foi bem feita
pelo outro dono, por exemplo, a recomendação é que se faça um intervalo
reduzido de troca do óleo lubrificante na primeira vez, para que ele
faça a limpeza. Após esse período, já pode seguir o intervalo de troca
normal.
O filtro precisa ser substituído a cada troca de óleo?
É recomendável. Como o lubrificante tem, entre outras funções, a
capacidade de limpeza, acaba por acumular sujeira. O filtro retém essas
impurezas e tende a saturar durante o período de utilização do óleo.
Posso completar o óleo com algum de outra marca?
Sempre que se faz uma mistura de dois produtos, você forma um terceiro
produto que é desconhecido. Dessa forma, não é possível precisar o
desempenho e o período de troca. A recomendação é utilizar sempre a
mesma marca. Outra dica importante: completar o óleo também não é
recomendável. Salvo exceções como vazamento e outras anormalidades, pois
a quantidade colocada no momento da troca deve ser suficiente, sempre.
Fonte: http://revistaautoesporte.globo.com